quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Across the seas

Já estive em tempos noutras terras e noutros lugares, num outro tempo não muito distante. Agrada-me viajar de avião, Gonçalo Cadilhe disse que viajar de avião não é viajar e em certo ponto tem razão, porque a viagem é o trajecto que se faz e não o destino. Mas resumindo o fio da ideia, agrada-me viajar de avião porque permite sair de uma cultura, de uma civilização, de uma sociedade e, horas depois, estar num outro sítio completamente diferente e pelo meio ficou apenas uma cabine de avião, climatizada e servidos com alguém que pelo menos fala inglês. A viagem de avião é a única coisa que permite o choque cultural, não há adaptação progressiva. Saí-se e é como o avião fosse uma nave espacial que nos transportou para um outro planeta. O choque cultural é violento, obriga a que cada sentido do nosso corpo se apure e nos faça absorver o que nos rodeia e as primeiras impressões são gravadas.

Em tempos estive em Tripoli, Líbia, terra do Líder Mohamar Al Kathafi. Porque refiro o Líder da Grande Jamahíhria (nome pelo qual a República Socialista Árabe Líbia é conhecida)? Porque fazem questão que não nos esqueçamos quem governa aquele que é o maior país de África, por todo lado existem posters e grandes outdoors com a imagem do Líder Líbio nas mais variadas posses e a promover algum dos seus feitos ao longo dos seus 39 anos de domínio. Começa assim o choque.

Não há turistas na Líbia. Grande parte do território Líbio é deserto, sendo a única parte fértil da Líbia uma estreita faixa costeira onde se situa a capital e a fronteira com a Tunísia, depois das montanhas estende-se o grandioso e maior deserto do planeta, o Sahara, terra de beduínos e de Oásis, que muitos outros países limitrofes aproveitam para explorar o que as dunas e os poucos Oásis oferecem aos turista ocidentais. Na Líbia encontram-se algumas "pérolas" raras do mundo, as ruínas. A Líbia permite não só o olhar como o tocar a uma civilização distante por dois milhares de anos, as ruínas de uma antiga cidade Romana, Leptis Magna. Existem mais remeniscências dessa era perdida por todo o país, existe em Sabratha as ruínas perdidas de um anfiteatro romano e muito pouco massacrado pelo tempo e pela mão humana. Situa-se junto a uma faixa costeira com praias de luxo, e não, não exagero, são praias de águas quentes e de areia fina.
O que não permite turistas é a fraca capacidade líbia para receber o turista. A começar pela burocracia. É sobejamente conhecida a burocracia africana. É também sobejamente conhecida a burocracia dos países árabes. Pois a Líbia reúne na sua burocracia o "melhor" dos dois mundos.

(Continua)

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