quinta-feira, 2 de setembro de 2010

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Hoje relembrei-me do actor António Feio e da belíssima mensagem que deixou no trailer do filme "Contraluz", relembrei-me da sua luta para se agarrar a esse bem precioso que é a vida e como ele daria tudo por um dia a mais... Este pensamento foi o que surgiu quando o relembrei...

Escrevo porque quero dizer... E não sei dizer de outra forma, por cobardísse ou por aceitação, não sei a quem, sei de quem eu gostava que lesse porque sei que sabes e ambos negamos porque é mais fácil...
"Daqui a 100 anos a população actual do mundo estará morta, os nossos familiares, os nossos amigos, os nossos filhos, tu e eu, 7 mil milhões de seres humanos desaparecerão para sempre, todos caminhamos em direcção à luz, até lá... Vive em Contraluz!"
Não quero deixar de aproveitar a vida, de ajudarmo-nos um ao outro, apreciar cada momento, agradecer-te, deixar nada por dizer, nada por fazer... Quero berrar a plenos pulmões o que sinto por ti mas acima de tudo queria que tu berrasses... Mas isso eu sei que não é possível... Mas ao menos enquanto escrevi imaginei que era possível...

Elogio do Amor de Miguel Esteves Cardoso

Há palavras ditas por outros que devem ser espalhadas... E são estas de Miguel Esteves Cardoso que eu quero espalhar...

“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=qDvKsQAafGU&feature=related
Não sei que nome hei-de dar ao texto... Oiço Vangelis la petite fille de la mer num esforço de acalmar a mente e a alma, luto dentro de mim por algo estúpido, algo sem esperança e sem propósito... Sonho e o sonho é engano, alimentado por migalhas que um esfomeado devora, sedento de alimento para a alma, restos de uma besta que se banqueteia com algo que não lhe pertence, foi-lhe oferecido de livre vontade mas mesmo assim não lhe pertence... Mas a quem pertencem realmente as almas? Procuro e encontro mas apenas para ver que se encontra fora de alcance... Uma vez li uma frase de Douglas Adams: "se alguém descobrir o que o Universo realmente é e porque é que está aqui, este desaparecerá instantaneamente e será substituído por uma coisa ainda mais bizarra e inexplicável"... Talvez esse novo universo fosse mais fácil de explicar porque este é estranho!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Haverá algo mais revoltante que a aceitação? Haverá algo mais revoltante que a esperança? Aceitar significa uma realidade, dura e cruel de uma dor que habita os recantos vais sombrios da alma, a esperança ilumina as trevas dos medos soterrados no espírito. A esperança mente, ilude, çimpede que se deixe uma luta perdida, uma luta vencida antes mesmo da batalha, a esperança faz-nos lembrar constantemente e leva-nos ao engano. A aceitação é em si mesmo trevas, o estéril, o abandono de uma luta mas liberta, liberta a carne mortificada pela dor, a aceitação é cura mas da mesma forma que a carne retém cicatrizes, também a alma fica manchada com as cores grosseiras das cicatrizes.

Aceitação ou esperança, o mundo continua o seu caminho, girando indiferente aos pequenos universos que o habitam, tudo revolve ao fim de um tempo, para sempre determinado e eterno, luz e trevas de mãos dadas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E comentários??

Haverá algo mais solitário que um escritor escrever para ninguém ler??

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Lua Cheia

Há letras e músicas que fazem sentido a certa altura... Deve ser a fragilidade da alma que clama por palavras e melodias belas, que nos tocam e nos enchem de sentimentos que nos fazem sentir com tal intensidade, fazem-nos sentir uma furiosa vontade de viver, de romper com o que é certo, o que é razão. Essas letras tocam-nos, como um grito mudo, um grito de ajuda, chamada de atenção e ouvir essas músicas vezes sem conta não cansam, quando antes seria tédio. Ao ouvir, imaginamo-nos noutro lugar, num futuro indefinido, deseja-se o vislumbre, o toque, o cheiro doce da pele e o som da voz chamando por nós, deseja-se...

LUA CHEIA (Santos & Pecadores / Hugo Costa)

Fúria de viver
Outra noite
Venha a que vier

O corpo na mão
Quero amar
Despertar no chão

Pum-pum-pulsação
Bate rouca nessa direcção
Faz respiração boca-a-boca
Como quem não quer

Oh lua cheia
Diz-me que é paixão
De sexta-feira
Febre e ilusão
Oh lua cheia
Diz-me que é amor
Porque eu sei de cor

Querer e não ter
Outro corpo nu
(No) corpo que se tem

E ao nascer do só
Sabe bem
Ser de mais ninguém

http://www.youtube.com/watch?v=aaom6BkXE4A

Epifânia

O mundo é estranho, existem demasiadas variaveis a ter em conta, os porquês deixam de fazer sentido logo após de colocada a pergunta. Hoje veio-me à memória umas das mais belas imagens que guardo, não uma pessoa, porque essa imagem não dá descanso, mas sim a imagem de um avião a descolar no longínquo ano de 2002 em Monte Real ao pôr-do-sol, o sol iluminava o céu mesmo acima da copa das árvores, inundando-o com as cores do fogo e enegrecendo as árvores que umas horas antes preenchiam o horizonte de verde. Abaixo dessa linha muito sumidamente se via a pista de cimento cinza claro riscado com as marcas dos pneus e ao longo dela duas linhas pontilhadas de luz, ouve-se um sumbido e quem sabia consegue adivinhar o barulho de um F100PW220E, ao longe umas outras luzes, umas acendem e apagam constantes e outras não. Em segundos, o zumbido transforma-se em rugido e ao longe descortina-se um cone de luz em chamas com 3 aneis, e então o avião eleva-se acima das copas das árvores outrora verdes e mais nada capta a atenção e vê-se as cores do pôr-do-sol reflectidas no símbolo do nosso trabalho, enchendo a alma com um sentimento incompreendido por nós mesmos e assim alimentando o espírito.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Apocalipse

Será errado desejar o fim de tudo? Desejar a revelação do fim dos tempos, desejar o conhecimento e a compreensão desse conhecimento revelado? O que vale a pena e o que não vale? O mundo não se revela até lá e os Homens permanecem à vela de ventos que não sopram, errantes no erro, ou serei eu que erro incessantemente no erro? Busco por algo que já foi encontrado, algo tão perto e tão inacessível...

Não culpo ninguém, apenas a minha incapacidade de não ver o que me recuso a ouvir, ver e sentir, sou surdo, cego e mudo... "De que servem luzes, tochas e óculos quando o Homem não quer ver".

sábado, 21 de agosto de 2010

Cabala

"Quando duas almas se reconhecem realmente, são com um homem que reconhece a sua imagem reflectida num lago" Em O Cabalista de Geert Kimpen

Às vezes a perturbação à superfície do lago não dá para ver qualquer imagem, muito menos reconhecer a própria imagem... O mundo é barulhento, o ruído invade todos os sentidos, até as luzes se transformam em ruído, gotas da chuva caiem na superfície do lago criando milhares de pequenas ondas e da margem do lago atiram-se pedras, que perturbam a superfície e ferem as águas, até a pedra bater no fundo. O que se vê é uma imagem de tal forma distorcida que lembra as nuvens do céu, nós vemos o que queremos ver... E se o mundo se calasse? Seria Morte?

Ícaro ou Dédalo?

Serei Ícaro ou Dédalo?

Serei como Ícaro? Que perdeu a vida por ter voado alto de mais? Ou serei Dédalo? Que perdeu o filho às mãos de uma invenção sua?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Odisseia de Dédalo

Dédalo era o pai de Ícaro, o mesmo que voou perto demais do sol e o calor fez derreter a cera que prendia as penas das asas que o seu pai, Dédalo, tinha criado para fugir ao exílio a que estava confinado na ilha de Creta.

Hoje em dia a memória de Dédalo é relembrada todos os dias, de forma silenciosa, quase imperceptivel, um sussurro ao vento... Em todos os aeroportos do mundo descolam aviões, que são o resultado dos sonhos mais antigos da humanidade, que a história de Dédalo e de Ícaro é testemunho. O que não se vê são os herdeiros de Dédalo, os anónimos técnicos que mantém um avião, que garantem que quem voe neles o fazem em segurança. Esta é a história de um deles, um percurso por entre luz e sombra com um fim ainda por descubrir...

Hoje estamos a dez anos do começo desta odisseia... Será arrogância chamar odisseia? Ou será antes uma Ode abominável comparável apenas aos impropérios proferidos contra o Grande Arquitecto Do Universo por Afonso da Maia?

Não começemos pelo inicio... Começaremos em 2003...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Anseios da manhã

Anseios da manhã é uma música de Ben Harper e foi o título dado a um texto de Hugo, o Pinto, o orgulhoso "dono" de um blog com o nome "Hugo, o Pinto", que por sinal não escreve nada mal! Convém dizer bem dele porque ele é um dos poucos que se digna a ler o meu blog, coisa que acho que faz por obrigação, visto ser primo da namorada dele!! Gozo à parte, ele escreve mesmo bem, vale a pena ler os seus textos.

Em mim os anseios da manhã manifestam-se e prolongam-se pelo resto do dia... Não consigo evitar esta dor que me tormenta, que se sente tão vincada à alma, essa dor alimenta-me ódios, por mim, por outros, para de seguida sentir a ressaca desses ódios, desta vez na forma de frustração, frustração por não dominar paixões e sentimentos primários que o pensamento não soube domar, os anseios da manhã são o começo de uma luta interior em que a vitória dá como recompensa um corpo, não a mente... Essa encontra-se além...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Longe da vista, longe do coração??

Diz o ditado popular... Longe da vista, longe do coração... Será verdade?

Hoje vi uma pessoa que não via já a algum tempo... Alguém que eu já não dedicava o pensamento a imaginar a forma da sua cara, o seu sorriso e a sua voz... Hoje despedi-me dessa pessoa, vai para fora durante seis meses... E eu ainda não consegui estar um segundo sem me lembrar o seu rosto e do seu sorriso...

Como diz a música dos UHF, "o tempo é meu amigo"...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Viajar

Estive sem inspiração... É engraçado como uma música pode lembrar-nos de escrever o que se sentiu num segundo fugaz ou como uma imagem gravada no cérebro nos faz perder a vontade, essa imagem que nos faz ser irracionais, essa imagem que explora os sentimentos mais primitivos, mais básicos e que mascaramos como sentimentos nobres.

Pensei... O que leva uma pessoa a andar, correr quilómetros? Que o motiva? De que é que foge? Ou o que é que procura? Existem muitas formas de viajar, uma única maneira de se encontrar, de se conhecer, é a aventura do desconhecido, da procura por algo além do horizonte, fora de alcance, como se o propósito da vida estivesse na milha seguinte. Vive-se hoje num mundo que nos fazem crer ser pequeno, que à distância de um "click" já não há nada para descubrir, nada para admirar e sentir! Fazem-nos crer em muita coisa... Não significa que tenham razão!

sábado, 13 de março de 2010

"Lie to Me"

O tempo é relativo... Dizia-o Einstein... Será que ele se referia aos dias perdidos sem que se sinta a passagem do tempo? Ou à fugacidade do tempo em que parece que não o agarramos e que nunca é o suficiente?

Sempre me interessei na mentira, como parte da condição humana e como a descubrir. Mentir é tão próprio do ser humano como a necessidade de se alimentar e de saciar a sede. Os níveis de inteligência de uma pessoa podem-se medir pela elaboração de uma mentira.

Tenho respeito por quem me engane, mostra sinais de inteligência mas perco todo o respeito por essa pessoa se descubrir que me enganou... E eu geralmente descubro os logros...