domingo, 6 de setembro de 2009

Algo para ocupar o tempo

o oscar l. não sabia como tinha ali chegado e não fazia ideia porque ali estava, lembrava-se que tinha apanhado uma bebedeira de caixão à cova na noite anterior com o seu grande amigo, o sr. capitão, referia-se assim ao seu grande amigo o que irritava um pouco o seu amigo porque segundo ele o homem estava antes do posto. oscar l. compreendia o que o seu amigo dizia porque também ele acreditava nisso mas não conseguia dizer o mesmo dele, o seu antigo posto e agora o seu trabalho definiam-no, a sua vida não passava daquilo, era uma vida triste e vazia, pouco mais havia que a sua família e um punhado de amigos que se podiam contar não com uma mão mas sim pelas falanges de um dedo e mesmo assim não sabia se haveria de contar com o polegar ou o indicador. Havia quem invejasse o oscal l., ele era conhecido por já ter perdido a conta às mulheres com quem se tinha deitado, algo um pouco exagerado, mas o que não se sabia era que o o oscar l. sentia quando depois do extase da satizfação, sentia uma profunda sensação de desprezo e nojo pela mulher com quem se tinha deitado e não adormecia até a mulher se decidir a saír do quarto. Essa sensação era motivada pela simples razão que o que levava a deitar-se com essas mulheres era a necessidade de simular o amor de uma mulher, algo que nos seus alguns e cada vez mais curtos anos de vida nunca tinha sentido. Todas as relações dele eram relações de conviniência, elas nessitavam de uma companhia, procuravam uma relação com alguém que as tratasse como mulheres e não como objectos ou simplesmente queriam alguém que lhes oferecesse umas prendas. Ele não era burro e percebia isso, deixando-se levar, tentava tirar algum sentido daquelas experiências. Chegava sempre à conclusão que essas experiências apenas lhe roubavam parte da alma, deixando-o cada vez mais vazio mas cada vez que parte da sua alma desaparecia, tornava-se cada vez mais difícil fugir desse ciclo viciante. O oscarl l. invejava os animais e a sua vida simples, guiados por instinto e sem consciência do seu papel do mundo nem da sua mortalidade.
O oscar l. começou a andar, não fazia sentido nenhum acordar e estar numa praia deserta, nem as aves de ouviam, apenas o remolhar constante da água do mar. O sol da manhã já rompia e o acordar já com claridade feriu-lhe a vista e por isso só ao final de uns minutos se apercebe que não está sozinho. Ao longe vê a figura de uma pessoa sentada na areia e ao aproximar-se reconhece uma criança a fazer castelos de areia.
"Que castelo bem fixe esse" diz ele para a criança de forma a meter conversa e tirar algum sentido daquilo que pensa ser um sonho ou alucinação. "Como te chamas?" pergunta o oscar l.
-oscar l. e tu?
-Que estranha coincidência!! Também me chamo oscar l. Posso ajudar-te com o Castelo?
-Podes... Preciso de ajuda para a torre da menagem, não consigo fazer um telhado...
-E porque é que precisas de um telhado para a torre? Não ficas contente com um tecto plano como as outras torres do teu castelo?
-Não, na torre da menagem é onde moram os donos do castelho, se o tecto for plano, ao fim de um tempo a torre está cheia de humidade, o que não o torna muito bom para se morar! Além do mais, se me estás a ajudar não é mais só meu castelo mas sim teu também!
-Bem, mas que atenção aos promenores, se alijeirasses um pouco essa obsessão pelos promenores e pelo detalhe desfrutavas um pouco mais da tua obra, ou melhor se assim o preferires, da nossa obra.
-Acho que não consigo... Sou como sou e por muito que tente serei assim e talvez nunca venha a ser muito feliz ou feliz de todo por causa de ser do meu espírito.
Entretanto, o remolhar das águas do mar tornam-se mais fortes e as ondas ameaçam chegar à obra de ambos. "A maré está a subir" diz o oscar l. à criança.
-Pois está.
-Não tens medo que o mar destrua o castelo?
-Não...
-Não?? então porquê? Assim o teu trabalho fica estragado!
-Não posso fazer nada contra a maré, ninguém consegue... Além do mais, se o mar destruír o castelo eu faço outro amanhã
-Mas depois vem o mar outra vez e estraga-te o trabalho outra vez.
-E eu volto a fazer outro castelo e se o mar o destruir faço outro ainda... Afinal se quero um castelo tenho de ser eu a construí-lo!
-Mas se o mar o está sempre a destruir não terás descanso!
-E achas que alguma coisa dura para sempre? É da maneira que amanhã terei que fazer... E assim esqueço-me dos outros castelos que o mar destruiu...

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